Multa em condomínio: o que todo síndico precisa saber 

13/08/2025 /

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Multa em condomínio: o que todo síndico precisa saber 

Gerenciar um condomínio exige mais do que organização e boa comunicação. Muitas vezes, o síndico precisa lidar com conflitos e tomar decisões delicadas, como a aplicação de penalidades. 

A multa condominial é uma dessas medidas e, quando aplicada corretamente, pode ser uma aliada na preservação da ordem e da boa convivência. Mas, se usada sem critério, pode gerar questionamentos jurídicos e desgaste com os moradores.

Neste artigo, reunimos os principais pontos que todo síndico deve dominar sobre o tema.

O que é uma multa de condomínio?

A multa de condomínio é uma sanção financeira aplicada a moradores que descumprem as normas da convenção ou do regimento interno do condomínio. Seu objetivo é preservar a ordem e o bem-estar coletivo, desestimulando condutas que prejudiquem os demais condôminos.

Essa penalidade está prevista no Código Civil Brasileiro, principalmente nos seguintes artigos:

Art. 1.336, §2º: trata da multa de até cinco vezes o valor da contribuição condominial nos casos de descumprimento dos deveres condominiais. 

Art. 1.337: estabelece a possibilidade de aplicação de advertência ou multa ao condômino infrator, com base em decisão da maioria dos presentes em assembleia.

Dessa forma, gestores devem aplicar a multa com critérios objetivos, transparência e respaldo legal, mesmo sendo um instrumento legítimo de gestão. O síndico que aplica penalidades sem observar o que está determinado na legislação e nos documentos internos pode expor o condomínio a questionamentos jurídicos e ações judiciai

Como funciona a multa de condomínio?

Para ser válida, a multa em condomínio precisa seguir alguns passos. O primeiro deles é a previsão documental: ela deve estar descrita na convenção ou no regimento interno. Em seguida, registre formalmente a infração, incluindo data, descrição e, se possível, provas.

A depender do tipo de infração, é comum que o morador receba uma advertência prévia, como forma de alerta. Caso o comportamento inadequado persista, aplique a multa e notifique oficialmente o morador, concedendo prazo para apresentação de defesa.

O regimento costuma definir o valor da multa, mas, em casos mais graves (como perturbação reiterada da convivência), a lei permite aplicar uma penalidade de até cinco vezes o valor da taxa condominial.

Quando o condomínio pode aplicar multas?

O condomínio aplica multas sempre que há infração às normas internas, como o regimento interno ou a convenção condominial, desde que haja respaldo legal e que conduza o processo com responsabilidade e transparência.

O Código Civil, em seu Art. 1.337, estabelece que a assembleia pode penalizar o condômino que não cumprir seus deveres com advertência ou multa, conforme a gravidade da infração. Já o Art. 1.336, inciso IV, reforça o dever de todos os condôminos de não prejudicar a saúde, a segurança ou o sossego dos demais.

Situações que frequentemente justificam a aplicação da multa em condomínio incluem:

  • Barulho fora do horário permitido (perturbação do sossego)
  • Uso indevido das áreas comuns
  • Agressões a funcionários ou vizinhos
  • Alterações na fachada ou estrutura do imóvel sem autorização

Além disso, a jurisprudência brasileira reconhece que o síndico pode tomar providências administrativas, desde que com base em provas e observando o contraditório, ou seja, garantindo o direito de defesa do condômino multado.

Por isso, é essencial que o síndico aja com base em fatos concretos e documente todas as ocorrências, como registros escritos, fotos, vídeos ou testemunhos. Decisões tomadas apenas com base em relatos verbais ou sem provas sofrem contestação judicial e podem gerar prejuízos ao condomínio.

Infrações mais comuns em condomínios

Mesmo quando há regras claras e bem comunicadas, algumas infrações se repetem com frequência no dia a dia dos condomínios. O síndico precisa estar preparado para lidar com elas com firmeza, técnica e imparcialidade.

Entre as situações mais recorrentes, estão:

  • Festas com barulho fora do horário permitido: seja em apartamentos ou áreas comuns, a perturbação do sossego é uma das maiores causas de conflitos e pode configurar infração ao Art. 1.336, IV, do Código Civil.
  • Estacionamento irregular: veículos parados em vagas de visitantes, vagas de outros moradores ou locais não autorizados comprometem o uso adequado das áreas comuns.
  • Animais soltos nas dependências do condomínio: além do risco à segurança, essa prática pode gerar desconforto entre os vizinhos.
  • Depósito de objetos em corredores e escadarias: além de infração às normas internas, isso representa risco à segurança em caso de evacuação.
  • Uso indevido de áreas comuns: ocupação sem reserva, falta de zelo ou mau uso das estruturas (como salão de festas, piscina ou churrasqueira) são motivos frequentes de advertência ou multa.

Quando a gestão não corrige esses comportamentos com orientação clara ou medidas administrativas, eles podem escalar para conflitos mais sérios e prejudicar a convivência coletiva.

Denúncia de moradores: o que é ético?

Na prática, é comum que o síndico receba reclamações verbais de moradores sobre vizinhos. No entanto, agir com base apenas em relatos isolados, sem qualquer tipo de comprovação, não é ético nem juridicamente seguro.

Para que a denúncia tenha validade administrativa, o ideal é que:

  • Seja feita por escrito (e-mail, livro de ocorrências, aplicativo do condomínio, etc.)
  • Traga detalhes da situação (data, horário, local, tipo de ocorrência)
  • Sempre que possível, seja acompanhada de provas (fotos, vídeos, testemunhos)

A atuação do síndico deve ser técnica, imparcial e baseada em fatos. Ignorar uma denúncia pode passar a imagem de omissão, mas tomar medidas sem embasamento também compromete a credibilidade da gestão e pode abrir espaço para contestações legais.

O equilíbrio está em investigar antes de agir, registrando a ocorrência, ouvindo as partes envolvidas e seguindo o protocolo descrito no regimento interno. Essa postura preserva tanto a autoridade do síndico quanto a segurança jurídica do condomínio.

Saiba mais: Vale a pena trocar de imobiliária? Veja quando o momento é ideal

Advertência ou multa: quando aplicar cada uma?

A advertência é, via de regra, uma medida preventiva e educativa. A gestão costuma aplicar essa penalidade na primeira ocorrência de uma infração leve, com o objetivo de alertar o condômino e orientar para que o comportamento inadequado não se repita.

Já a multa é uma penalidade de maior peso, com caráter punitivo e financeiro, usada quando o condômino reincide em condutas irregulares ou comete infrações consideradas mais graves, que afetam a coletividade, a segurança ou a convivência.

O respaldo legal para a aplicação de advertências e multas está no artigo 1.337 do Código Civil, que prevê:

“O condômino ou possuidor que não cumpre reiteradamente com seus deveres perante o condomínio poderá ser punido com multa correspondente até 5 (cinco) vezes o valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme gravidade das faltas e reincidência, respeitado o direito à ampla defesa, garantido ao infrator o contraditório.”

Esse artigo também menciona que, antes da multa, o condomínio pode optar por aplicar uma advertência, especialmente nos casos de infração pontual ou de menor impacto.

Como o síndico deve agir

Por isso, a escolha entre advertir ou multar exige avaliação criteriosa, levando em consideração:

  • A gravidade da infração
  • O histórico do condômino
  • O que está previsto na convenção e regimento interno
  • A documentação da ocorrência
  • E, sobretudo, a garantia de defesa ao infrator

A atuação ética e transparente do síndico, respaldada por normas internas e pela legislação, é o que legitima a penalidade aplicada. Agir com bom senso, critério técnico e clareza fortalece a autoridade da gestão e evita desgastes com os moradores.

O morador pode processar o condomínio?

Sim! O condômino pode acionar a Justiça caso entenda que a multa foi aplicada de forma indevida, desproporcional ou sem o devido respaldo jurídico. Isso geralmente ocorre quando a penalidade:

  • Não está prevista na convenção ou no regimento interno
  • Foi aplicada sem notificação formal
  • Não garantiu ao morador o direito à defesa e ao contraditório
  • Não teve provas concretas que comprovem a infração

A aplicação de multas no ambiente condominial deve sempre respeitar princípios jurídicos fundamentais garantidos pela Constituição Federal, como o devido processo legal (art. 5º, inciso LIV), o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, inciso LV).

Além disso, o próprio artigo 1.337 do Código Civil determina que, para a multa ser válida, o condômino deve ter a possibilidade de se defender, e sua aplicação deve ocorrer com base em decisão fundamentada da assembleia, quando exigido.

Também é respaldado pelo Código de Processo Civil (art. 9º), que reforça que ninguém pode ser sancionado sem ser previamente ouvido, mesmo em esfera administrativa.

Quando o síndico ou a administração deixa de observar essas garantias, o condômino pode ingressar com ação judicial pleiteando:

  • Anulação da multa
  • Indenização por danos morais ou materiais
  • Responsabilização da gestão por eventuais prejuízos

Por isso, o processo de aplicação de multa deve ser conduzido com transparência, provas documentais e respeito ao rito legal. Agir de forma precipitada ou informal pode expor o condomínio a riscos jurídicos sérios, inclusive financeiros.

Leia também: Má gestão de condomínio: 8 alertas para você se prevenir

Como cobrar uma multa de condomínio?

A multa pode ser lançada no boleto da taxa condominial seguinte ou cobrada separadamente, desde que isso esteja descrito no regimento. É fundamental que o morador receba uma comunicação clara e formal, informando o valor, a motivação e o prazo de pagamento.

Caso a multa não seja quitada, ela pode ser cobrada judicialmente como qualquer outra dívida condominial. No entanto, o ideal é que a administração tente resolver a situação de forma amigável, priorizando o diálogo antes de acionar medidas mais severas.

Dicas para evitar multas e manter a boa convivência 

A melhor gestão é aquela que consegue prevenir ao invés de punir. Evitar a aplicação de multas não significa omissão, mas sim uma atuação estratégica e educativa da administração. Veja boas práticas que ajudam a reduzir infrações e conflitos:

1. Mantenha uma comunicação constante com os moradores

Reforce as normas do condomínio de forma acessível: em murais, grupos de WhatsApp, e-mails e aplicativos. A repetição consciente evita alegações de desconhecimento e incentiva a responsabilidade coletiva.

2. Atualize periodicamente o regimento interno

Um regulamento antigo e desalinhado com a realidade pode gerar interpretações dúbias e conflitos. Atualize cláusulas com respaldo jurídico e aprove a nova versão em assembleia, garantindo validade legal.

3. Registre todas as ocorrências e medidas adotadas

Um condomínio sem histórico documental se torna vulnerável em casos de contestação. Mantenha registros de advertências, notificações, reclamações formais e provas (imagens, vídeos, testemunhos).

4. Invista em ações preventivas e educativas

Campanhas internas sobre barulho, uso das áreas comuns e convivência respeitosa funcionam. Além disso, criar uma cultura de boa vizinhança evita desgastes desnecessários e demonstra que a gestão se importa com o coletivo.

Consequentemente, condomínios que investem em uma gestão profissional e preventiva enfrentam menos conflitos e raramente precisam recorrer à multa como primeira solução.

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Administração profissional evita desgastes e protege o condomínio

Aplicar uma multa em condomínio é uma decisão que deve ser tomada com responsabilidade. Afinal, mais do que punir, ela deve educar e reforçar o senso de comunidade. Por isso, o síndico precisa contar com apoio técnico, jurídico e administrativo em todas as etapas.

Nesse sentido, a Luagge atua com uma gestão consultiva, próxima e profissional. Com isso, oferecemos diagnóstico completo da gestão do seu condomínio, orientações práticas e suporte jurídico para garantir decisões seguras, sempre alinhadas à legislação.

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